Muitas vezes é o empresário que escolhe o negócio, mas acontece também do negócio escolher o empresário. Lucas Ducatti não entendia nada de maquiagem e precisou aprender. “Homem entender de maquiagem fica complicado. Então tem uma história de uma cliente que pediu um delineador e acabei dando para ela um rímel. Falei ‘tenho que começar a me adaptar, tenho que saber o que estou vendendo, estudar esse mundo da maquiagem que para mim é totalmente novo’. Ela é meu anjo da guarda, quando eu falo uma besteira, ela está ali para me apoiar”.
Lucas e Regiane perderam o emprego e decidiram virar sócios na franquia. As vendas surpreenderam. “A gente até se surpreendeu em alguns pontos, porque a crise é no Brasil inteiro. Nós procuramos em vários ramos, fizemos vários estudos. A gente verificou que a área de cosméticos estava ainda estável, então vamos investir nessa parte de cosméticos”, conta Regiane Viola.
É difícil encontrar uma mulher que sai de casa sem maquiagem. Os estudos mostram que elas deixam de comer o lanchinho da tarde para comprar um batom e por isso não tem crise nessa área de beleza e cosméticos.
Outros setores prometem crescer em 2016, apesar de a economia estar andando devagar. São as marcas que concorrem com produtos importados, que têm o impacto do dólar mais alto, e os serviços de manutenção de bens duráveis.
O Sebrae fez uma lista de setores que têm mais chance de sucesso: oficina mecânica de carros e motos, serviços de pedreiro, encanador e eletricista, conserto de computadores e outros serviços de informática, reciclagem, fabricação ou venda de bijuterias, preparo de alimentos para consumo domiciliar, confecção e venda de roupas e cabeleireiro e venda de cosméticos.
“Você diminui a procura de produtos de fabricação, mas aumenta a de manutenção, de reparo. Então a indústria reparadora, ou o comercio reparador, sem dúvida ela aumenta. Não vou trocar o ar-condicionado, mas vou consertar. Não vou comprar sapato, mas vou consertar. Então para sapateiro está bom, até para costureiras”, explica Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae.
Há três meses, Flávio Gonzaga abriu uma empresa de conserto e instalação de ar-condicionado. Já está com um doce problema: falta de mão de obra. “Essa época do ano é bem complicada. O telefone não para de tocar e é bem complicado arrumar horário nessa época”.
Publicado originalmente no site Jornal da Globo