Geralmente quando consideramos a gestão nas igrejas pensamos nas pessoas, nos projetos e processos, nos conteúdos das mensagens e na parte financeira necessária para o cumprimento dos seus objetivos institucionais.
Certamente o desempenho das igrejas pode ser medido com a utilização de uma ferramenta conhecida como Balanced Scorecard que alinhada com a visão da igreja monitora as questões como: Financeira, processos, pessoas e aprendizado.
Nem sempre a igreja pode contar com contador ou um especialista em finanças para assumir sua tesouraria e geralmente a contabilidade é terceirizada.
Por isso quero apresentar um pouco da contabilidade e gestão nas igrejas. Sem dúvida a administração da igreja deve prestar contas de todos os atos que envolvem o seu patrimônio sob a luz da ética cristã, considerando assim a transparência no desempenho das atividades que envolvem a necessidade da utilização de recursos financeiros para o seu cumprimento. Por isso que eu digo que a contabilidade fala.
Segundo IUDÍCIBUS (2005, p. 31), “a Contabilidade é tão antiga quanto o próprio homem que pensa”. Mesmo na sociedade antiga, o ser humano já utilizava das ferramentas contábeis para controlar seus bens.
A contabilidade e a Gestão na Bíblia
Podemos observar a contabilidade, por exemplo, na parábola do administrador infiel “negligente” no evangelho de Lucas capítulo 16: 1-13, vejamos:
Jesus disse aos seus discípulos:
Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos seus bens. Foram dizer a esse homem que o administrador estava desperdiçando o dinheiro dele. Por isso ele o chamou e disse: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.”
Aí o administrador pensou:
“O patrão está me despedindo. E, agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola. Ah! Já sei o que vou fazer… Assim, quando for mandado embora, terei amigos que me receberão nas suas casas.”
Ele chamou todos os devedores do patrão e perguntou para o primeiro:
“Quanto é que você está devendo para o meu patrão?”
“Cem barris de azeite!” — respondeu ele.
O administrador disse:
“Aqui está a sua conta. Sente-se e escreva cinquenta.”
Para o outro ele perguntou: “E você, quanto está devendo?”
“Mil medidas de trigo!” — respondeu ele.
“Escreva oitocentas!” — mandou o administrador.
E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza.
E Jesus continuou:
As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz. Por isso eu digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno. Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes. Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras? E, se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?
Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.
Idoneidade
A contabilidade e gestão nas igrejas acaba se sujeitando a contornar situações impostas pelo simples fato de existir seguidas negligências relacionadas à apresentação de uma documentação idônea.
Baseada em princípios a contabilidade neste texto bíblico demonstra como foi negligenciado o principio da oportunidade que diz: “Os fatos contábeis devem ser registrados de maneira tempestiva e íntegra,” notamos que o administrador não registrava os valores dos credores, se considerarmos que ele faz a pergunta: “Quanto é que você está devendo ao meu patrão”. Ele realmente não tinha o controle das finanças do seu patrão e por causa de rumores sua credibilidade ficou comprometida. Quantos administradores de igrejas passam por situações constrangedoras pelo fato de negligenciar a importância da contabilidade.
Usuários da Contabilidade e Gestão nas Igrejas
A contabilidade e gestão nas igrejas deve ser divida em Ciência e política. Sendo assim o governo brasileiro estabelece normas e procedimento que devem ser adotados por todos os setores da economia, então temos, por exemplo, a Receita Federal que faz uso da politica contábil pelo fato do governo ser um usuário da contabilidade e, diga-se de passagem, um usuário de alto nível.
O Governo e a politica contábil e a Gestão nas Igrejas
A politica contábil no brasil é uma atribuição do conselho Federal de Contabilidade e no caso da gestão nas igrejas temos a ITG2002 que estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação, de reconhecimento das transações e variações patrimoniais, de estruturação das demonstrações contábeis e as informações mínimas a serem divulgadas em notas explicativas de entidade sem finalidade de lucros.
A administração da Igreja como Usuários e a ciência contábil
Em busca da certeza a ciência contábil tende a ser capaz de ajudar a administração da igreja por meio de diagnósticos através de analises pela interpretação de relatos contabilísticos. Imagina uma igreja com gastos com combustível sem que ela tenha um veículo registrado em seu patrimônio, muitos diriam se tratar de um erro ou um desvio das finalidades dos recursos da igreja. Entretanto se considerarmos que um membro cede o seu carro para atividades da igreja e que é celebrado um contrato de cessão de uso com previsão contratual dos gastos com combustível, seria evitado este tipo de problema. Além disso, o valor estimado em dinheiro do aluguel deste veículo deveria ser contabilizado como uma oferta não financeira. Interessante né, isso é ciência contábil.
Os Princípios Básicos da Contabilidade
O Princípio da Entidade :
O princípio da entidade fundamenta-se no preceito de que o patrimônio, enquanto objeto da contabilidade, deverá ser separado: um é o patrimônio da igreja e o outro são os patrimônios pessoais das pessoas envolvidas com a igreja. Acontece muito desrespeito a esse princípio em pequenas igrejas, especialmente para aquisições de bens de pequeno valor na maioria das vezes pela utilização do crédito de irmãos. O descumprimento deste princípio acontece pelo casamento perfeito da necessidade com a falta de um controle rígido da contabilidade.
O Princípio da Continuidade :
Quando uma igreja é fundada, geralmente, a ideia é a dela continuar existindo por tempo indeterminado e é justamente isso que o princípio da continuidade aborda. Ela pressupõe de que a igreja terá continuidade por um longo período.
O Princípio da Prudência :
Esse princípio refere-se ao momento de mensurarmos um bem ou uma divida da igreja. É também denominado como princípio do conservadorismo. O que significa isso? Para mensurarmos um bem, será adotado o menor valor, enquanto que, para mensurarmos uma dívida adotaremos o maior valor entre dois ou mais existentes, por exemplo.
O Princípio da Competência :
Basicamente, há dois ‘regimes’ para registrar determinada conta: o regime de caixa, no qual você registrará determinado fato contábil apenas quando você liquidar uma divida ou receber um direito e o regime de competência, no qual, você registra a dívida ou o direito desde que o fato gerador é obtido. Neste princípio deve ser observado o fato como elemento de registro e não necessariamente o desembolso. Um exemplo muito comum é a aquisição de um terreno em parcelas, neste caso o fato é evidenciado pelo contrato, então se deve registrar o desembolso da entrada e o registro da obrigação de pagar numa conta apropriadamente criada no plano de contas da igreja. Assim toda vez que a igreja pagar esta obrigação ela será diminuída e devidamente registrada na contabilidade.
O Princípio da Oportunidade :
Esse princípio, nada mais é do que registrar os fatos contábeis de maneira tempestiva e íntegra, ou seja, de maneira completa e no momento em que o fato foi gerado, ou o mais próximo disso possível, pois, dependendo do porte da igreja, é inviável realizar o reconhecimento de maneira imediata, especialmente considerando que a contabilidade é terceirizada e a documentação é encaminhada com um certo atraso se é que podemos dizer assim.
“Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.” Tudo nesta vida tem o começo e o fim e a hora de prestarmos contas daquilo que nos foi confiado vai chegar. Eu tenho dito que a prestação de contas nas igrejas deveria ser um evento de comemorações e não aquela leitura chata de relatórios que quase ninguém gosta.
Você que tem esta responsabilidade pode e deve usar e abusar da criatividade com slides, filmes e com todo o material visual disponível com o objetivo de demonstrar que os recursos obtidos pela igreja estão sendo empregados de forma alinhada coma sua visão e a sua missão. Pense Nisso!